Ninguém mais se ofende quando se diz que o Orçamento do governo para este ano é uma peça de ficção. Com os itens tradicionais desse gênero literário: receitas infladas e despesas subestimadas.
Mas precisava ser no gênero ficcional “me engana que eu gosto”? No Orçamento, há um faz de conta: o faz de conta de que receitas e despesas não só ficarão equilibradas, mas até vai sobrar um pouquinho de verba.
Na parte “mundo real” do Orçamento, está um grande aumento de verbas para… emendas parlamentares, ora. Nessa mesma parte real do Orçamento, está previsto outro aumento: gastos com benefícios previdenciários, ora. Como seria diferente após o aumento do salário mínimo e da inflação?
O governo conseguiu remanejar um pouco das despesas discricionárias, que vêm diminuindo todo ano — enquanto as obrigatórias e as emendas parlamentares aumentam.
Vai conseguir turbinar um pouco peças de resistência na busca de popularidade, como auxílio gás, Pé de Meia e Minha Casa Minha Vida.
Do ponto de vista do país na totalidade, essa peça de ficção orçamentária deixa duas grandes preocupações. O Orçamento continua distante de equilibrar as contas para frear a subida da dívida pública, que deve passar dos 80% do PIB no final do ano. Continua dependendo fortemente de aumento de receitas, ou seja, de arrecadação de impostos.
E exibe uma vergonha: Um patamar de investimentos medíocre comparado a outros países. Não dá para esperar, no final dessa peça de ficção, um final feliz.
Fonte: www.cnnbrasil.com.br