Endocrinologista Rafael Fantin explica como alimentação, hormônios e hábitos impactam a resposta do corpo em tempos de frio
Com a chegada do inverno, aumentam as queixas de rinite, sinusite, dermatites e outras manifestações alérgicas. Embora o clima e o comportamento humano na estação tenham influência direta nessas ocorrências, há outros fatores menos óbvios, e muitas vezes negligenciados, que também contribuem para esse aumento de casos: o metabolismo e o sistema imunológico.
“As pessoas tendem a permanecer mais tempo em ambientes fechados, com pouca ventilação, o que favorece a proliferação de vírus, bactérias e alérgenos, especialmente os ácaros. Além disso, o ar frio resseca as vias aéreas e desencadeia ou agrava quadros alérgicos em pessoas sensíveis”, explica o médico endocrinologista e metabologista Rafael Fantin.
Segundo o especialista, um corpo com metabolismo deficiente ou desregulado apresenta maior propensão a quadros inflamatórios e à intensificação das reações alérgicas. “Deficiências de nutrientes como vitamina D, zinco, selênio e vitamina C comprometem a resposta imunológica. Um simples resfriado pode evoluir para sinusite bacteriana, por exemplo”, alerta.
Hormônios, inflamação e crises alérgicas
Outro aspecto fundamental é o equilíbrio hormonal. Hormônios como insulina, cortisol, estrogênio, progesterona, testosterona e os da tireoide influenciam diretamente o comportamento do sistema imunológico. “Desequilíbrios nesses hormônios aumentam o risco de inflamações e reações alérgicas tanto na pele quanto nas vias respiratórias”, pontua Fantin.
A resistência à insulina, segundo ele, é um dos principais gatilhos para inflamações crônicas. “Ela gera estresse oxidativo, desregula o funcionamento de outros hormônios e perpetua um estado de inflamação silenciosa que fragiliza o organismo como um todo.”
Movimento, alimentação e sono: aliados da imunidade
A prática regular de exercícios físicos é outro fator decisivo para quem sofre com alergias. De acordo com o médico, o exercício promove uma resposta anti-inflamatória natural, modula o cortisol e fortalece barreiras protetoras da pele, mucosas e intestino. “A atividade física ensina o sistema imune a reagir de forma mais equilibrada, o que ajuda a reduzir tanto a frequência quanto a intensidade das crises alérgicas”, afirma.
Já a alimentação deve ser encarada como estratégia preventiva. Uma dieta rica em antioxidantes — como curcumina, quercetina e resveratrol — e nutrientes como zinco, magnésio, selênio e vitamina B2 favorece a regulação da inflamação e o fortalecimento do sistema antioxidante do próprio corpo. “O que colocamos no prato tem o poder de ensinar o corpo a reagir de forma inteligente”, destaca.
Além disso, o médico lembra que estresse crônico, sono ruim e disfunções intestinais podem agravar os quadros alérgicos. “Quando o intestino está inflamado, há prejuízo na absorção de nutrientes e ativação inadequada do sistema imune, o que facilita o aparecimento ou a perpetuação de alergias.”
Abordagem personalizada é essencial
Para pacientes com crises recorrentes, o tratamento precisa ser individualizado. “A pessoa que apresenta alergias frequentes geralmente carrega um conjunto de desequilíbrios: deficiências nutricionais, inflamação silenciosa e disfunção mitocondrial. Isso afeta a imunidade, o metabolismo e a energia do corpo como um todo”, explica Rafael Fantin.
Ele reforça que o cuidado deve ir além do controle dos sintomas e focar na causa. “Entender os gatilhos de cada indivíduo e corrigir deficiências específicas é o caminho mais eficaz para restaurar a função imunológica e prevenir infecções de repetição, especialmente nas estações mais desafiadoras, como o inverno.”
Fonte: Dr. Rafael Fantin – Médico Endocrinologista e Metabologista, com especialização em Medicina do Exercício e Esporte, Ortomolecular e Nutrigenômica.